Os judeus de Bukhara (Uzbequistão de hoje) que se estabeleceram em Eretz Israel a partir de 1868 somavam cerca de 180 famílias; seu centro em Jerusalém foi formado naquela época. Entre os primeiros imigrantes estavam judeus ricos, que começaram a fazer de Jerusalém o centro espiritual de sua comunidade. Em 1892, os pioneiros fundaram o bairro dos “Bucharim” de Jerusalém.
Não é possível determinar com certeza a data do estabelecimento do primeiro assentamento judaico na Ásia Central Russa. Os nomes dos judeus de Bukhara e as expressões em sua língua indicam que eles vêm da Pérsia e arredores. No final do século 16, o canato muçulmano de Bukhara foi fundado. A permanência dos judeus na cidade era limitada a um distrito especial e eles eram proibidos de comprar casas de muçulmanos. Os judeus foram obrigados a usar um distintivo especial para diferenciá-los e pagar um imposto especial.
Lá, os judeus costumavam se chamar de “hebreus”, “judeus” ou “israelitas”, e os locais os chamavam de “dzogur”. Os judeus falavam um dialeto judeu – tajiki – e, ao longo dos anos, a maioria deles se concentrou no Uzbequistão.
Em meados do século 18, o fanatismo muçulmano aumentou. Muitos judeus foram forçados a aceitar o Islã. O novo estrato social dos convertidos à força (Anussim) foi visto com suspeita pelos residentes muçulmanos. O missionário Y. Wolf, que visitou a cidade de Bukhara em 1844, encontrou 300 famílias de Anussim. Na segunda metade do século 19, com a ocupação da área pelos russos, várias áreas dos campos de Bukhara, incluindo as cidades de Samarcanda e Tashkent, foram anexadas à Rússia, que implementou certas restrições sobre os judeus. A revolução de 1917 aboliu as restrições legais aos judeus de Bukhara, e, ao mesmo tempo, o Emir de Bukhara emitiu uma constituição garantindo os direitos civis para todos os residentes de seu distrito, mas em 1920 o Exército Vermelho ocupou a província.
A partir da segunda metade do século 19, os judeus de Bukhara começaram a imigrar para a Palestina e se estabelecer em Jerusalém. Meu bisavô, Emanuel, chegou de Tashkent a Jerusalém em 1883, e trabalhou em obra no bairro dos Bucharim em Jerusalém. No seu tempo livre, ele guiava peregrinos russos em Jerusalém – instaurando a primeira geração de guias de turismo.
Ele se casou com a Bat Sheva e tiveram 8 filhos e filhas, que, com as consequências da primeira guerra, se dispersaram pelo mundo. Minha avó, Hanna, uma das filhas, casou com Haim Washadi, que veio do Yemen, e permaneceu em Jerusalém. Duas filhas voltaram para Tashkent e Bukhara para casar com jovens da família que ficaram lá. Um adelas, Rosa, casou-se com um jovem da família Kalantarov (que significa presidente, líder), Avraham.
Avraham Kalantarov, nasceu em 1873 em Bukhara. Ele era um comerciante rico e no início do século 20, Avraham construiu uma magnífica mansão na cidade de Samarcanda. A construção foi concluída em 1916 e Avraham viveu lá por apenas cinco anos. Após a revolução bolchevique, sua bela casa foi tomada pelo governo russo. A maior parte de sua família emigrou para a Palestina, mas ele decidiu ficar, falecendo em 1951. Ao longo dos anos, a família que empobreceu, sobreviveu do pouco que restou – mas também dos diamantes escondidos na maçaneta da porta da mansão!
Hoje, com a ajuda de doações, o local é mantido e funciona como um museu de história da família e da comunidade de Samarkand. O bairro “Bucharim” em Jerusalém, é um dos antigos fora das muralhas da Cidade Velha, e abriga sinagogas importantes, mansões construídas pelos judeus ricos de Bukhara, e muitas pequenas histórias. Vamos visitar?